ENSAIO
REFLEXÕES SOBRE
" A LÓGICA DA INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA E A PLURALIDADE DOS MÉTODOS I "
de
Aires Antunes Diniz
Já se passaram 21 anos desde que
DINIZ, Aires Antunes, publicou "A
Lógica da Investigação Científica e a Pluralidade dos Métodos I , ou como a filosofia é demasiado importante
para ser deixada aos filósofos", 1ª edição, Coimbra, Minerva, 1994. Porquê então falar desta obra, revê-la, reanalisá-la, colocá-la
em reflexão no momento presente? É que, as hipóteses nela levantadas, como uma
imprevisibilidade de futuro e seus paradigmas, são também a multifacetada e
presente realidade. A história da ciência, nomeadamente da ciência económica,
perspectiva-se em condicionantes racionais e irracionais, que nos podem levar
por caminhos nunca outrora percorridos e a conclusões jamais pensadas, ou se
reflectidas, não interiorizadas de concretizações possíveis.
Diniz, utiliza uma linguagem
escrita assaz técnica, científica, muito complicada e hermética, só melhor
compreensível para a comunidade dos investigadores e cientistas. Usa e abusa da
heurística para chegar ao conhecimento científico numa procura insaciável da
descoberta. Citações são às centenas (ser citado é ser conhecido? Importante
para a comunidade científica, e não só?), justificações, demonstrações.
O racionalismo procura-se, e, urge em cada
palavra, cada frase pensada no muito que se quer dizer na contenção, na síntese
da análise filosófica científica, no rigor exaustivo da simplificação
metafísica, pelos imensos problemas da incomensurabilidade das teorias. A
Filosofia da Ciência é um campo aberto para todas as ciências "demasiado
importante para ser deixada aos filósofos", assim como a ética da ciência,
a racionalização e a prática na produção científica.
Querendo afastar da ciência o
subjectivo, as emoções, impondo uma constante racionalidade, redescobre que ao
nível da economia e do mercado, essas razões irracionais são deveras importantes,
pois são uma das condicionantes das nossas decisões.
Diniz, enquanto investigador,
professor, economista, pretende chamar-nos a atenção para o paradigma da
reconstrução da Teoria Económica, fundamentada no extraordinário papel das
novas tecnologias na produção científica, baseando esta em valores éticos e
deontológicos.
Caminhamos na sua reflexão pela
Filosofia de Popper, de Lakatos e de Paul Feyerabend, na análise dos métodos da
Dedução e Indução, do Método Marxista na Ciência Económica para nos
concentrarmos na Revolução Científica e nas Novas Tecnologias, na Metafísica da
Engenharia da Decisão e da Escolha, ou da Nova Engenharia Social, Utopia e
Real, como novo paradigma de uma nova teoria.
Vejamos, então.
Mas antes, no Prefácio, era
necessário Aires Diniz, essa demonstração de raiva, amargura, para com os inimigos?
Sim, como humanos! Ou talvez não, como seres superiores! Inveja? Os meus, os
teus, os nossos inimigos, ajudam-nos a evoluir, a criar e cultivar a resiliência,
a ter forças para mais e melhor lutar! Os grandes homens e mulheres, também o
são, no perdão. Por vezes, as pessoas são tão semelhantes, que não suportam a
outra, já que é uma imagem de si própria. Vê-se e revê-se em si, e, não se quer
ver. Porque vê as suas qualidades, melhor, os seus defeitos, que não gosta de
ver, nem assumir. Deixemos esta análise psicológica para depois! Atitudes pessoais?
Sim. Ou melhor, carpe diem!
Diniz fala-nos então dos rituais
da produção científica, na práxis ora existente. De que forma se apresenta? O
1º ritual é o da linguagem e a forma de escrita, tendo em consideração os
significados dentro do funcionamento social, a relatividade dos significados e
significantes, a análise lógica dos textos, e, a estruturação linguística, a
qualidade de soluções e reformulação dos problemas (pág.2). O 2º ritual é o da
citação, como árvores de citações, que o autor aplica extraordinariamente nesta
obra. E que, segundo Laband (1986), o valor científico é medido pelas citações.
Permitam-me discordar, não no que se refere a uma análise cronológica de
factos, mas à criatividade, conhecimento e imaginação intuitiva que todo o investigador
possui ou deve possuir. O 3º ritual (pág.3) é o da publicação em revistas,
livros, jornais, etc, utilizando uma retórica literária que seja aceite pela
comunidade científica (Malloskey, 1983 e 1985). Mais uma vez é aqui invocado
(em nota de rodapé) o extraordinário papel dos inimigos ao descobrirem os
nossos erros e fraquezas e a quem não se paga pela sua eficácia na nossa
evolução.
Fala-nos no preço de escrever
bem, no objetivo do novo marketing que é o apoio ao cliente, na qualidade da
produção, sua apresentação e legibilidade. Passa ao uso da linguagem literária
e da linguagem matemática, ambas necessárias para a expressão rigorosa e
adequada do pensamento, para novamente, em nota de rodapé (pág.4) voltar a
referir: "O que aumenta a reputação dos cientistas é a sua aceitação na
comunidade científica. Ser citado é ser usado. O uso dos trabalhos que fizeram
representa a sua qualidade, medida de acordo com os progressos científicos que
provoca... segue a lei de São Mateus. Aquela (instituição científica) quando é
prestigiada atrai novos membros com qualidade, quando não o é, perde-os. E,
quando impera a lei da mediocridade, expulsa-os". Enfim, a história
repete-se tantas e tantas vezes! É que as mulheres e os homens com valor, fazem
sombra, não é verdade? Na publicação também é necessário ser rápido,
afirmando-se pela originalidade, com cuidado pela fraude e má qualidade dos
resultados, uma vez que é necessário publicar para se "poder sobreviver no
negócio científico". É a máxima: publish
or perish.
Refere-se que Diniz põe em
prática, aqui nesta obra, esses 3 rituais como fundamentos essenciais da sua
existência enquanto cientista e investigador, criticando e autocriticando-se.
Numa lógica de filosofia da
ciência, sempre os filósofos se preocuparam em "reconstruí-la",
questionando-se sobre o que se faz, como se faz e o que se deve fazer na
evolução das teorias. Por vezes há opiniões ingénuas sobre a ciência e os
cientistas, referindo Althusser (1974) no que se refere ao pressuposto de que
"as concepções filosóficas / epistemológicas dos cientistas são
espontâneas". Porque hoje, mudam todos os paradigmas, quer filosóficos,
científicos ou técnicos, já que se encontram "enquadrados em programas de
pesquisa, avaliados pelos resultados" (pág.8).
Mas uma coisa é o Normal, outra o
Desejável. Inicia a sua exposição com o argumento de que as teorias da
realidade prática da investigação científica de Kuhn, Lakatos e Feyerabend
foram influenciadas por Popper, passando depois por Bertrand Russel (1912) ou
Keynes (1921). Demonstra a paixão pela ciência e pela procura da verdade
científica e a sua (autor) nas palavras de Polanyi (1964): "... O papel
activo do investigador, numa militância assente em certezas ou crenças que
fazem prosseguir projectos de investigação que encontram a sua força numa
paixão de descoberta inesgotável que guia as experiências e faz descobrir o
improvável". A filosofia questiona pois, os fundamentos científicos
existentes, uma "sucessão de gerações: umas constroem teorias; as
seguintes refutam-nas e constroem novas teorias. Ou seja, não há falibilistas
ou verificacionistas puros: na mesma pessoa existirá um e outro (Merton
1973)".
O que dizer do normal (existente)
e o desejável (ética da ciência) nas práticas de produção científica? (pág.9).
Voltamos á carreira do cientista: " ...tem que citar e ser citado, ser
lido e ler... integrar-se... onde tem o seu emprego... ". Mais,
vorazmente, abruptamente, que fere qualquer mortal com valores: " Espera-se
que tenha manha e que possa e saiba usá-la. A maneira como usa as ligações que
tem e ainda como as inicia, tende a exprimir-se no modo como apresenta e vai
valorizar os próprios trabalhos que faz. O fim é agradar à ciência normal
". " Vencer, convencendo da sua integração e integrar a comunidade
científica no seu trabalho, obrigando, por citações que faz de outros
trabalhos, a que os citados o leiam, ganhando assim notoriedade e aceitação,
pois necessita disso. E alguns dizem-no de modo provocatório (Thomas e Nelson,
1985) ". Estas afirmações, dizemos nós, não são só de autores
estrangeiros, os nossos nacionais, também o dizem em convívio e, se não o
dizem, pensam-no, já que não seria politicamente correcto, referi-lo em
público. " Outros, como Rizzuto (1985), fazem a listagem do modo de
comportamento do grupo social dos cientistas num aspecto formal, no contexto da
prática da citação, como indiciadora de uma prática integrativa: a) Citações do
Mestre; b) Um clube de citações; c) Citações de todos os trabalhos anteriores;
d) Citações aleatórias (dos trabalhos de
que se lembrou no dia da recolha de bibliografia antes do envio para
publicação); e) Citação dentro do contexto de um trabalho de pesquisa de
literatura existente; f) Citação
ordenada só de alguns trabalhos e de referências".
Parece que estão a gozar connosco.
Ridículo, não? Questionamo-nos: o que é a ciência, para que serve, o que fazem
os cientistas, qual a sua liberdade, independência? É apenas um burocrata? Um
bajulador do(s) Mestre(s)? Um ser repetitivo de repetições?
Diz-nos Diniz, por vezes, podem
rebelar-se contra esta tendência (Anderson, 1991) e podem surgir algumas
situações possíveis (Emery e Trist (1965): uma situação de placidez muito
espalhada em organizações da nossa comunidade; ou de organizações concentradas,
mas ambas sem grande intervenção social; uma reacção a outras organizações,
para não ficar para trás; ou a da "permanência do desacordo sob a forma de
programas de pesquisa com heurística diferentes, numa perspectiva
Lakatosiana" (págs. 10 e 11).
O cientista é pois, um produtor
de conhecimentos organizados, um verificador de pensamentos, um utilizador da
filosofia, um refutador de metodologias, um actualizador de conceitos e de
valores, que vai inserindo na sua produção científica. Mas um " filósofo é
também um cientista, já que participa na construção dos métodos de descoberta
na heurística (Ayer, 1936).... " O cientista transforma a filosofia
especulativa em filosofia científica porque impõe a introdução das formas
lógicas e rigorosas de produzir ciência nas práticas de questionamento dos
resultados científicos (Reichen Bach, 1951, págs 228 - 229)" (pág.11)
mesmo nas ciências sociais " para um maior rigor na produção de resultados
". Para Marx, " opõe-se ciência ao trabalho, já que para aquela está
unicamente ligada e é propriedade do capital fixo " enquanto "os
trabalhadores não possuíam conhecimentos que lhes permitissem dominar o
elemento científico e fazerem a sua desalienação em relação ao seu próprio
trabalho ". O processo científico era pois (segundo Marx) " um
processo social acima do poder e do entendimento das massas trabalhadoras, onde
o capital aprisiona o progresso histórico e o mete ao serviço da criação da sua
riqueza " (pág. 13).
Caminhamos agora, após esta
síntese analítica introdutória, para a "Lógica da Investigação Científica e a Pluralidade dos Métodos I",
começando com o Paradigma /Programa de Pesquisa de Popper, um céptico,
criticando o historicismo e a possibilidade de uma ciência social fabricar as
leis, dadas as actuações incontroláveis dos Homens. Contra esta lógica de
confirmação e da teoria da verisimilitude (Feyerabend, 1978) reagiram
hostilmente os economistas, pela destruição de possibilidades da "
proliferação dos campos de investigação " (pág. 17). Na verdade, Popper
preocupava-se mais com a refutação/falsificação das teorias, como método de análise, do que com o vocabulário
ou significados usados por elas. Esta análise é refutada por Lakatos (1978),
baseado na racionalidade, na qualidade da teoria científica que a aceita como
" explicativa, funcionando como matriz de análise, ou seja pela heurística
", " uma vez que os cientistas estão permanentemente à procura do
método que à partida dá melhores resultados, e que defendem após adopção, quer
esta seja racional ou irracional" (pág. 19). Para Popper " não
existe, pois, método científico, mas sim procura de teorias que se exponham à
refutação como modo de progresso científico " (Popper, 1972).
Marx, segundo ele, no campo da
ciência social "era um historicista apanhado por Hegel nas suas malhas, um
conspiracionista não dogmático, que sabia que aqueles que participavam no jogo
social não eram autónomos para definir o devir social ". Entendia que o
processo de produção científico era isolado dos aspectos sociais, ao contrário
de Kuhn (pág.20). Neste paradigma, " parte-se de uma sociologia da
produção de conhecimentos para uma justificação ética de grupos de
investigadores e da própria produção científica, ou seja, negando a
possibilidade de uma qualquer tecnologia social alterar os conteúdos e a
própria produção científica " (Merton, 1973). " Kuhn acaba por justificar a formação
de grupos sociais de cientistas, os quais se autoimpõem uma lógica castradora
da ciência mais preocupada com uma regulação do método científico admissível e
menos com a aplicação do método científico mais eficaz ". Ou seja, realiza
uma crítica acérrima à comunidade científica que tenta manter o seu status quo:
a ordem científica, a casta (Kuhn, 1970, Lakatos, 1978). O seu pensamento
permite " a integração numa visão democratizada do processo científico, em
que todos os cientistas têm capacidade de participar sem problemas nas cadeias
de comando, que apesar de serem informais, são extremamente poderosas na
determinação das linhas de pesquisa e dos resultados aceitáveis pela comunidade
científica " (pág.22).
Ao contrário de Popper, para
Diniz, Lakatos é uma " personalidade " optimista e prática do acto de
conhecer, analisadora do funcionamento concreto da prática da investigação mais
ou menos filosófica ", criando uma metodologia dos programas de pesquisa,
pelas "refutações expressas pelos contraexemplos que só são introduzidas
por elementos mais jovens da comunidade científica, que são sociologicamente os
motores do progresso " (Merton, 1963), utilizando como exemplo um problema
de heurística em matemática. " O método de Lakatos construído para
funcionar nos programas de pesquisa científica, tem 3 componentes: 1ª o que
pode ser testado; 2ª o que é aceite; 3ª uma heurística do programa de pesquisa
". " As teorias crescem por incorporação de novos conteúdos
falsificáveis. Ou seja, pelo método de análise - síntese... um mecanismo sem
fim " ( Lakatos, 1978). Estes Programas de Pesquisa, devem ser
progressivos (Keynes e Walras) e não degenerescentes (Marshall), isto é, devem
ter capacidade de produzir conhecimentos (pág.27). " Lakatos incorpora e
racionaliza a contestação de Feyerabend a uma visão redutora da pesquisa
científica por parte de Popper e não revolucionária e conservadora por parte de
Kuhn, embora com variantes... ". Estes programas de pesquisa vão apoiar-se
futuramente na análise dos processos de cognição e processamento de informação,
e muito do que hoje observamos vai deixar de ser relevante no futuro, porque
diferentes serão os modos de ver os factos (Kukla e Gilmam, 1992).
Continua Diniz: " Paul
Feyerabend contesta a existência de um único método ou paradigma, propondo uma
procura sistemática dos diversos métodos com abandono dos que não forem
eficazes ". Também não aceita " a teoria de Kuhn das ciências
normais, como limitadoras da eficácia e da liberdade dos cientistas, limitados
pelo uso dos dinheiros públicos que poderão limitar o uso do dinheiro na
investigação ". Para Diniz, " Feyerabend é o menos limitado dos
filósofos na procura de novas metodologias de pesquisa científica", "
entende Lakatos e os seus programas de pesquisa, como teorias a tratar de modo
não dogmático " e " expressa a liberdade individual dos cientistas
pela critica às ideias de Kuhn ". Com efeito, " a única metodologia
correcta neste impasse será sempre procurar caminhos ou métodos que
funcionem... numa sociedade de livre escolha, onde se procura a democratização
do processo de produção e escolha dos conhecimentos a produzir ".
Aqui o autor lança novo ataque à
comunidade de cientistas instalados, assaz crítico, devorador, dos oportunistas
da ciência e que dela se aproveitam para benefício próprio.
Feyerabend refere que os
mecanismos fundamentais da descoberta, são a " metodologia e a educação
para uma maior liberdade " . " Significados, significantes,
metodologia, enquadradas por uma educação libertada de preconceitos, permitem
descobrir novos caminhos de descoberta, sem monocentramentos em culturas e nos
métodos que as enformam ".
Diniz, passa depois à defesa de
Feyerabend, relativamente a Carlos Fiolhais (pág. 35), que refere que o "
Adeus à Razão" é mais sério que o " Against Method ", que foi
publicado pela 1ª vez em 1975 e pelo qual se " apaixonou ". Transcrevo Diniz : " Fui seduzido pela
sua linguagem fina, soberba e escorreita, numa estrutura lógica e organizada,
tecida meticulosamente, numa procura persistente da trama honesta e rigorosa
com que faz o ataque ao método unicriterial ". Feyerabend é contra o
método, não contra os métodos, pois defende a sua proliferação e a competição
entre eles, procurando o que dá melhores resultados numa "cultura
multicêntrica " (pág. 37).
Passa o autor, de seguida, à
análise tradicional do processo de produção científica e aos métodos gerais de
pesquisa na produção científica, que são 2: a dedução e a indução.
A Dedução tem por base a
coerência, sendo esta o mais certo. " Parte-se do princípio que a própria
análise da coerência é já um teste da sua verdade ". A matemática é por
sua natureza um treino do " raciocínio numa certa ordem, decidir fazer
certas operações no momento certo ". " pensar logicamente significa
pensar a partir de relações e/ou fórmulas matemáticas ". Daí, a
necessidade de um espírito metódico e da importância do computador, dando ao
investigador de forma rápida, resultados rigorosos e probabilizados que
controlam o seu trabalho, dão novas certezas quanto ao rigor dos estudos
empiricamente comprovados e dão-lhe indicações sobre o trabalho que deve
seguir.
A Indução, conforme Popper, parte
de deduções de uma teoria para a sua verificação. A indução pelo uso, cria
mecanismos de confirmação (Rescher, 1980).
Cada ciência tem a sua
heurística, sendo ou não comum a outras ciências, há sempre algo que lhe é
própria, como por exemplo: nas ciências do social, caso da Economia e da
Sociologia.
Os cientistas vão procurar os
fundamentos da ciência (episteme) nas suas crenças (doxas), pondo-as em
competição de modo a encontrar um programa de pesquisa que as integre, criando
a episteme, fazendo assim eles próprios o trabalho epistemológico (Teoria do
Conhecimento).
Em síntese, " a produção da
ciência pode ser entendida como uma actividade de procura de factos, relações e
teorias, programada ou não dentro de uma heurística conduzida por uma lógica de
pesquisa, tendendo sempre a ser programada de acordo com o que é conhecido, ou
seja, a transformar-se, passando de problemas mal estruturados a problemas bem
estruturados ".
Sendo fundamental o valor da honestidade
intelectual, " o investigador domina um código que constrói e reconstrói,
uma linguagem e uma técnica de raciocínio e por isso é extremamente importante
o questionar da técnica de pensamento, as regras de computação nos seus
fundamentos, já que é preciso saber quanto ao modelo de pensamento, inserido na
questão geral da sua validade: - Se o programa de pesquisa não esgotou já as
suas potencialidades heurísticas ?".
Para Diniz, neste confronto de
métodos, há algumas ideias a reter: o computador integra-se em quase todas as heurísticas
para potenciá-las; a indução é o método
correcto nas situações de escassez de informação, ou de custo de análise
elevado, medido em dinheiro e/ou tempo, em termos de tratamento e ordenação; a
quantidade de usos (ex: experiências) não significa mais do que isso, não se
transforma, por si só, esse facto em qualidade; deve-se por isso, relativizar e
não absolutizar estas qualidades inseridas numa nova heurística ; a
possibilidade de refutação é sempre a afirmação de algo de que temos
informação.
" A refutação das filosofias
da ciência e da produção científica cabe aos cientistas, assim como a sua
reconstrução e alargamento para entrada de novos dados, numa procura implícita
de sucessiva reformulação dos programas de pesquisa... A verificabilidade é em
ciência económica, feita pelo confronto entre realidade e teoria, ou pela
análise da sua coerência. A experimentação é o mecanismo que permite descobrir
os limites de validade de uma teoria e refutá-la ou confirmá-la limitadamente.
E o acto de pensar é um acto de codificação e descodificação ". Na
racionalidade económica encontramos afirmações contraditórias. Exemplos: 1º o
pleno emprego é desejável, 2º, mas o pleno emprego é impossível - 2 aspectos da
mesma realidade; 1º convém maximizar o
lucro, 2º o lucro máximo é o nosso objectivo. O acto de conhecer é o acto de
qualificar, de tornar clara a realidade e, se possível, de a quantificar
(objectivo da análise contabilística).
O acto de pensar pressupõe a
realidade. O acto de pensar tem a ver com juízos de realidade. No acto de
construção de teorias, pressupomos a existência dos valores, damos-lhe um
modelo explicativo, desprezamos certos dados e procuramos os essenciais. O
processo de análise do programa de pesquisa científico é racionalizador das
suas práticas, assim como a análise dos processos de decisão empresarial podem
dar achegas a uma racionalização do processo de produção científica.
A testabilidade é construída
dentro das condições de construção de teorias do investigador. Por isso é
necessário que os instrumentos de medida sejam aperfeiçoados e também a
linguagem em que são expressos, as teorias e, nestas, as relações entre os
números em que se estudam os factos e a realidade denotada.
A construção científica tem assim
um processo de construção, ou gramática que vai cobrindo as suas necessidades
chegando, por vezes, a situações em que essa gramática não funciona, quer por
dificuldades conceptuais, quer por falta de instrumentos de análise. Daí a
análise dos conceitos, aqui a introdução de novos significantes e significados
que vão permitir a análise da realidade, terminando o conflito entre o texto e
a realidade a definir. A verificabilidade é em ciência económica feita pelo
confronto entre realidade e a teoria, e/ou também pela análise da sua coerência.
A construção da ciência é sempre baseada numa tecnologia de construção da
verdade, aceite por todos aqueles que participam na sua construção, mas que vem
a ser uma linguagem quase universal das ciências empíricas e das ciências dedutivas,
conforme os casos (pág.62).
Segue-se uma análise à teoria e
prática contabilística, bem assim a aplicação dessa análise à economia. Quanto
à 1ª, serve-se da análise de textos, documentos, facturas, recibos, da
comprovação física das existências do capital circulante e fixo, dos documentos
comprovativos dos elementos imateriais, como os créditos, patentes, despesas
antecipadas, provisões e amortizações. Quanto à 2ª, surge a dificuldade de
medir o património, custos e proveitos, ou seja, o renascer da velha questão dos
reditualistas e patrimonialistas. Aqui, no domínio dos valores éticos, os
significados que comandam a acção ou decisão, são construídos pela ideologia
dominante (pág. 62). O risco no campo da economia é algo que não deixa de
determinar o modo de decisão de investigar. O papel da incerteza depende do
grupo social e do modo como este é integrado no modelo de decisão deste, dando
valores diferentes para a variável a maximizar, isto em função do comportamento
provável determinado pelo risco de perder. Temos que criar comportamentos
éticos com valores passíveis de controlos. Contudo, podemos isolar o empírico
do que é puramente raciocínio, a partir do momento em que possamos definir uma
decisão sem ter que definir os processos de tomada de decisão (pág.65).
Então a linguagem, quer
qualitativa quer quantitativa, é elemento determinante desta racionalização que
altera os comportamentos e os determinismos, alterando as situações e as
racionalidades.
Por isso, diz Diniz: " Toda
a ciência é um cálculo lógico baseado na linguagem que introduz factores de
realismo na descrição da realidade, aumentando a simplicidade, ou a variedade
de situações em estudo, ou os processos de tomada de decisão em termos
cognitivos e comportamentais, variando os riscos, mesmo na matemática, que se
quer adequada á complexidade das situações, sendo a dedução baseada nos
mecanismos automáticos de decisão: o falso e o verdadeiro". " A
linguagem, com as palavras e a sua gramática, é o mecanismo de tomada de
decisão, que convém analisar como primeiro passo para a epistemologia da ciência,
a sua correcção, os domínios onde se aplica, onde se vai estender e em que
circunstâncias. A Matemática, e toda a ciência, é uma gramática em que a
análise dos elementos relacionais é necessária ".
Diniz, passa depois para o
exemplo da análise marxista: que escolheu como heurística a análise das
relações de produção. Estas relações, no dizer de Popper, são dados
existenciais (Popper, 1959), portanto não refutáveis, e, a partir daí,
apresenta um conjunto de explicações para factos reais. O marxismo concentra a
sua existência no método e na sua aplicação, e todo ele é orientado para a
análise das relações de produção, com as consequentes relações de poder e de
distribuição da riqueza, daí levar a concluir que existe uma determinada
leitura da realidade. Os modelos de Lakatos no campo da refutabilidade, dado o
método e o ponto de partida não estão assim afastados da possibilidade de serem
aplicados ao Marxismo, e até Popper distraidamente o admite, em relação aos seus
critérios científicos. O Marxismo
escolheu como pontos de testabilidade a diminuição do valor da taxa de lucro, a
alienação dos trabalhadores, a instabilidade do capitalismo, o aumento da
mecanização, a monopolização da economia, a formação de um exército de reserva
e a crescente miséria relativa da classe trabalhadora (Meek, 1967, 1973) (pag.
68).
Podemos concluir que a construção
das teorias depende da heurística, do método ou métodos, dos dados da
experiência, dos instrumentos e medida.
A racionalidade nas ciências
sociais é o entrecruzar-se de diversas racionalidades.
Numa análise às novas formas de
exploração da força de trabalho, uma nova racionalidade do capitalismo, podemos
referir: o trabalho é cada vez mais intelectualizado; o investidor é condicionado
pela necessidade de segurança; a sua estratégia é no sentido da minimização do
risco e maximização do rendimento.
Diniz, expõe-nos de seguida, uma
síntese conclusiva do que até ali tinha dito (págs. 76,77 e 78): toda a ciência
é um cálculo lógico baseado na linguagem; a linguagem e a gramática são
mecanismos de tomada de decisão; a matemática é uma gramática em que a análise
dos elementos é necessária; os dados de raciocínio devem ser construídos de
forma intelectualmente honesta; os mecanismos de demonstração têm de ser
analisados conforme cada ciência; cada uma delas vai-se adaptando ás
tecnologias disponíveis; a tomada de posição é definidora das metodologias ou
das heurísticas; a validade do modelo depende da sua refutação; toda a ciência
tem um método de produção e avaliação de resultados; a metodologia necessita de
prática social; os cientistas não têm uma filosofia espontânea, mas avaliada
pela sua utilidade que decorre do seu uso.
Passamos à 2º parte desta obra:
" A introdução das novas
tecnologias provocou o desenvolvimento de metodologias alternativas de análise
filosófica da investigação científica ". É a forma como se faz o processo
cognitivo que determina o processo científico. A teorização dos fractais, por
ex., permite reorientar o estudo de
novas combinações físicas, assentes nas modelizações matemáticas explicativas
de comportamentos anómalos e/ou turbulentos de certos fenómenos.
" A questão fundamental da
investigação científica é a heurística como instrumento de produção de
conhecimentos ". Conhecimentos que pretendem fundamentalmente racionalizar
a actividade humana. O investigador científico, define e concretiza os
objectivos cognitivos e de operacionalidade da produção científica,
acompanhados de valores éticos e estéticos. Racionalidade como heurística e
critério de qualidade. A caridade é não racional: " acto de dar sem
receber nada em troca ". Mas na economia social há uma lógica de
racionalidade: prestar o melhor serviço pelo gestor e o contribuinte ter
benefícios fiscais. Optimizar os recursos dos doadores. Outra lógica é a do
roubo, que é a obtenção de rendimentos sem trabalho directo ou indirecto,
considerando o que é racional de modo impróprio e vice-versa. " A
racionalização do discurso é feita a partir da linguagem operativa da
observação, quer da linguagem axiomática da dedução ".
A heurística é um conjunto de
instrumentos teóricos de pesquisa que permitem fazer a definição de uma
situação, com ou sem determinação de uma racionalidade que apresente
potencialidades de com estes conhecimentos se atingirem determinados
objectivos. A heurística apoia-se na sua conceituação, na tecnologia de base
que lhe dá forma e a potencia. Actualmente a heurística funda-se na informação
e na computabilidade desta informação, posteriormente nos resultados alargados
a que dá origem, com o preenchimento sistemático de todos os vazios de
informação.
A decisão é uma forma de
condicionar o meio envolvente através da procura de soluções e actuações,
acompanhadas de formas de comunicação de ordens, conseguindo, dessa maneira,
controlar o devir social dos problemas, onde há um tipo diferente de acção que
pode alterar o devir das probabilidades, de condicionar os efeitos das
actuações futuras pela previsão das acções do adversário.
A psicologia tem de estar ligada
ao fenómeno económico como fundamento de uma racionalidade de decisão que se
transforme em acção.
Bela similitude: - Conclusão para
Diniz: nem todas as revoluções são para ser feitas, nem todas as mulheres devem
ser conquistadas (!!!) E os homens, pergunto eu? Devem ou podem, ou
querem, ser conquistados?
A linguagem científica é a
continuação da linguagem do senso comum, procurando o rigor como meta. As
metáforas permitem escrever e ensinar melhor.
Continua Diniz: A engenharia da
escolha resulta de uma sucessiva evolução de uma análise estatística, que se
apoia na concepção de utilidade, de probabilidade e de uma racionalidade,
juntas num modelo optimizador levam a escolher um máximo de utilidade. A
engenharia dos processos de decisão, é uma engenharia da escolha, análise da
consequência lógica de decisões, onde se incorporam elementos de jogo que
permitem, para quebrarem a rigidez das regras decisionais, aumentar a
capacidade de descobrir novas actuações e decisões, com maior poder racionalizador
(March, 1971) (pág. 95).
Diniz introduz aqui a metafísica
como elemento de ligação entre a ciência e a vida de cada dia. A metafísica de Kuhn
é constituída pela ideia de um grupo básico de cientistas, possuidores de um
paradigma, reunido numa matriz heurística, com alguns enigmas para resolver. Em
Kuhn não é importante a heurística, mas sim o paradigma, que serve de traço de
união dos cientistas que resolvem problemas que lhes são dados pela sociedade.
A metafísica produzindo questões científicas, é o principal da ciência e os
cientistas, os seus agentes.
Para permitir um maior grau de
certeza, os filósofos tentam criar uma teoria atemporal do que se passa no
trabalho dos cientistas, descrevendo o que fazem e pretendendo racionalizá-la
(pág.104).
De uma forma geral, são as
comunidades científicas que criam as normas e as formas de aprovação dos
resultados que nascem em resultados de interesses sociais que os usam no seu
quotidiano. As comunidades científicas crescem demograficamente em termos absolutos
e relativos em função da aprovação social da qualidade e validade no uso
quotidiano. A ciência é cada vez mais uma forma de vida, os cientistas
prosseguem o seu interesse próprio na investigação. O seu trabalho está
inserido na vida social e económica, mola real de uma forma de vida assente na
inovação como forma de resolver os problemas práticos (Taylor, 1973). A ciência
fornece não só as formas de produção, mas também os mecanismos de controle
dessa mesma produção. A produção científica funciona, como qualquer produção,
com custos e proveitos, com capital e com trabalho, com uma racionalidade que
lhe é imposta pela sociedade científica, pelo mercado, pelo político, tudo
expresso em orçamentos (Diamond, 1988). A Escola é o local onde os conceitos de
uma produção científica são ensinados. Ensinar a pensar é o papel da Escola.
Qualquer tipo de raciocínio: o estatístico e o lógico.
Para Diniz, nada é impossível,
neste final da 2ª parte. O conceito de paradigma nasceu para ser quebrado.
Quebrar paradigmas é fazer proliferar as formas diversas de fazer andar a
racionalidade e por novas formas de usar as novas tecnologias da informação. A
sua capacidade de cálculo e a sua rapidez e operacionalidade é fundamental na
construção do novo paradigma desta era turbulenta. Este é o resultado da
desconstrução dos anteriores ou do fim destes, do princípio da infinita
proliferação dos programas de pesquisa.
No início da 3ª parte, Diniz
volta á utopia e ao real na análise marxista (pág.111). Refere que, nas novas
relações de produção, há necessidade de falar em relações entre agentes e principais.
O agente representando o trabalhador e o principal representando o patrão. Os
direitos de propriedade, passaram a ser direitos de controle. Ser dono é ser
controlador. Defender os direitos de propriedade é a condição para o
desenvolvimento de um mercado de capitais. Gerir o uso de bens públicos ou
colectivos é difícil, porque estes, pela sua natureza, não são distribuíveis a
retalho, mediante um preço dependente do seu uso. Na relação de agente e
principal, podem surgir dois tipos de problemas básicos dentro do esquema geral
de um possível oportunismo: o agente comporta-se de acordo com os seus
interesses e não de acordo com os interesses do principal. O 1º problema é o
azar moral, que consiste em ter de dar informação a um agente que se comporta
dentro de um esquema previamente elaborado com desvios, o azar moral para o
controle em que o principal tem informação suficiente; o 2º, a selecção
adversa, em que o principal não tem a informação suficiente.
Por isso, monitorar e observar
são agora as palavras chave. A nova lógica social terá assim que gerir 3
factores ou elementos estruturantes: o mercado, as hierarquias (ou estruturas
organizativas) e o político. É da capacidade de gerir, fazer competir e
integrar estes factores, que pode surgir uma tecnologia social realista e
operacional. Já não é uma simples engenharia, mas uma tecnologia que é
racionada a um nível mais elevado e portanto com uma nova capacidade
heurística.
Cria-se assim uma nova teoria
económica: o paradigma dos agentes
principais (Ricketts, 1987). O programa de pesquisa nascente, despoleta um
novo paradigma explicativo, designado por economia da organização, onde
aparecem, como sub-programas de investigação, agora com ligação aos dados
psicológicos e sociológicos da análise do homem em organização (Sociologia das Organizações) e do
controle dos seus aspectos mais negativos: o desleixo e a desonestidade
(Donaldson, 1990), o que se passa necessariamente por um novo sub-programa: o
da análise do papel da moral na organização e estruturação das relações entre
agentes e principais (Kahn, 1990). Neste contexto, os valores da verdade são um
objectivo da investigação.
O fundamento da predictabilidade
dos comportamentos racionais dos diversos actores é a assumpção da existência
de um modelo assente na utilidade dos resultados das decisões, que pode ser
probabilizável, porque mensurável na incerteza, racionável de acordo com
propósitos claros, que leva a evidências de resultados com expressão quase
completa das suas limitações (pág. 114). Daí a teoria económica da organização
para lidar e resolver os problemas de controle (Knight, 1925). Os interesses
dos homens são o mecanismo fundamental de causa de gestão e de mudança, condicionando
e apoiando-se nas relações interpessoais, contrariando os dados dos problemas,
sempre numa pluralidade de causas que influenciam o resultado final. Por isso,
resume o seu pensamento dizendo que a compreensão, predição e controle do
pensamento e emoção, comportamentos humanos, são uma arte, que incluem a
comunicação mental.
Diniz volta ao marxismo para nos
dizer que se renova como modelo e como programa de pesquisa: A Tragédia é uma
purga que destrói a força do poder revolucionário (revolução 1917) atacado por
dentro do partido por aqueles que procuram o poder, num esquema oportunista,
motivado fundamentalmente pela satisfação de interesses pessoais. A purga é
desencadeada por forças que têm tudo a ver com o secretismo. As falhas do
socialismo ou da hierarquia: Marx não
compreendeu que o progresso técnico se incorporava numa mão de obra cada vez
mais culta, mas também esta lei não é só por si verdadeira, pois o trabalho
sofre simplificações por via da tecnologia que a partir do complexo simplifica,
o que contraria a efetivação desta lei tendencial. A tecnologia é assim, a
construtora e reconstrutora das novas relações sociais.
Diniz, em resumo conclusivo,
nesta obra:
Falou do Normal e do Desejável na
produção científica. Observou a Ética da Ciência e as práticas de produção
científica. Falou da filosofia de Popper e Lakatos no social e político.
Questionou o programa de pesquisa de Popper e reanalisou a sociologia
/psicologia do fenómeno científico. Descobriu a filosofia de Paul Feyerabend e
a sua expressão marginal pela retoma da análise do significado como
condicionante da análise qualitativa e quantitativa do empírico. Fez o estudo
dos métodos da pesquisa e produção científica, com eleição de dois grandes
métodos: a dedução e a indução. Fez a confrontação dos métodos em Popper e
Lakatos. Realizou a análise da prática da Filosofia na Ciência Económica.
Voltou à análise do modelo marxista com Popper e Lakatos, reanalisando as novas
formas de exploração da força de trabalho, procurando uma nova racionalidade no
capitalismo. Analisou a engenharia da decisão e a economia como fundamento da
engenharia económica ou da gestão. Reestudou a linguagem como elemento base da
Ciência Fundamental e da Engenharia da Escolha e, ainda, a Metafísica como fundamento
dos paradigmas e dos programas de pesquisa. Questionou a Engenharia da Escolha
como base de uma nova Engenharia Social. Como base de uma utopia, as novas
tecnologias e novos programas /paradigmas de pesquisa ou reformulação filosófica.
Fez nova incursão pela Economia da Ciência e chegou à Engenharia dos Recursos
Humanos, reencontrando a Escola, agora como produtora de habilidades.
Alegrou-se porque sentiu que nada é impossível. Discutiu a Utopia e o Real,
assentes num novo paradigma que gera programas de pesquisa ou num novo programa
de pesquisa que gera paradigmas, reencontrando a nova teoria Económica e a
gestão do real e reencontrou a questão da Gestão na Construção da utopia,
depois de, mais uma vez, ter sofrido com a tragédia.
Volvidos 21 anos desta análise,
perspetivando-a numa visão ideológica marxista, se bem com vertentes criticas
na investigação nas ciências sociais, nomeadamente na economia e sociologia,
confrontando-a com outras teorias mais ou menos recentes e reformuladas, podemos
acrescentar: há necessidade de novas reflexões, propor novos paradigmas, criar ciência,
pois o conhecimento não tem limites na sua inumerabilidade e
incomensurabilidade. Foi um maravilhoso percurso, se bem que nada fácil, seguir
esta análise do pensamento de Aires Antunes Diniz.
Maria Idalina Alves de Brito
Bragança, setembro a novembro 2015