sábado, 16 de abril de 2011

DERIVAÇÕES DO SER

SE O VENTO UIVASSE NO TEU PEITO


Se o vento uivasse no teu peito
Que seria de mim?
Na expansão do meu e do teu eu.
No silêncio do agora, do ontem e de nós.
No aqui e agora e, logo, e, ontem…

Quero jazer no teu seio
De flores, cravos e jasmins
Assim…agora…logo…

Chora, anda!
Grita se te apetecer!
Olha o rouxinol a cantar
No teu peito de ansiedade
E desejo do teu ter
Nos sonhos de saudade
E da intensidade do amar
Verde de esperança!

2010.12.31

DERIVAÇÕES DO SER

SE O VENTO UIVASSE NO TEU PEITO


Se o vento uivasse no teu peito
Que seria de mim?
Na expansão do meu e do teu eu.
No silêncio do agora, do ontem e de nós.
No aqui e agora e, logo, e, ontem…

Quero jazer no teu seio
De flores, cravos e jasmins
Assim…agora…logo…

Chora, anda!
Grita se te apetecer!
Olha o rouxinol a cantar
No teu peito de ansiedade
E desejo do teu ter
Nos sonhos de saudade
E da intensidade do amar
Verde de esperança!

2010.12.31

DERIVAÇÕES DO SER

PAISAGEM AO LONGE


Os verdes, verdes vários:
Garrafa, erva, amarelos,
Esmeralda, vermelhos,
Negros, matizados,
Em terras que se entrelaçam
Por entre montes vazios, abaulados,
Planos, sarotos, achatados,
De caminhos serpenteados
Que os meus olhos alcançam.
Se o tempo falasse que diria?
Que és mais velho,
Que a desilusão existiu
Mas o amor ainda te espera
Aqui, agora, a toda a hora,
No sol que ilumina este quarto,
Na folha branca de papel
E no meu cabelo doirado
Com cheiro a rosas e sabor a mel!

2010.12.31

DERIVAÇÕES DO SER

NO SILÊNCIO DE MIM E DE TI


No silêncio de mim e de ti, onde existe o nós?
O alpendre que suporta o nosso ninho,
As palavras que alimentam a nossa relação,
Os alicerces que construímos ao longo deste tempo,
Onde estão?
Que quebrantos, teias, sons e luzes, te invadem hoje,
Para não sentires e veres a sua existência?

O canal de comunicação falhou ou parou há muito?
Só hoje o descobrimos.
Mas são estes pequenos nadas que asseguram a nossa relação…

Que escadas sobes ou desces,
E que momentos de lucidez te esperam?
Estás de pé à minha frente. Olhas-me e não me vês.
Teus pensamentos voam apressados na descoberta do eu…
Este ruído que me sufoca e te sufoca.
Queres certificar esta admissibilidade da minha existência?
Quem me dera conter em mim todas as folhas da tua…
E passar pelas árvores que florescem no teu quintal…
E conhecer as rosas,
Pois só conheço os espinhos…




VALE A PENA VIVER


Sarapintada de cores
Embalas no diafragma do teu peito
A surpresa, fiel e serena,
De quantas lágrimas choraste
Amarfanhadas de quimeras,
E de sonhos azuis e prata,
Imbuídos de largos sorrisos
Como quando a flor desabrocha
No jardim da tua esperança
E do teu sonho.
Outrora, vis furacões abalaram
O teu ser branco e luminoso
Que pretendia vir a transformar
O mundo em paz e amor.
Lágrimas, ais, solidão,
Caminharam lado a lado
Como prantos de viúva abandonada
Na dor e desespero de cada dia.
A vida não te foi fácil.
Nem o é agora,
Para quem ousa querer
Um mundo melhor!
Mas queres!
E, neste querer,
Está a ousadia, força e coragem
De que te embalas para sorrires
E gritares:
Vale a pena viver!

2010.11.09

DERIVAÇÕES DO SER

A FELICIDADE É COMO UMA MARMOTA BRANCA

No zumbido do teu dente de prata e chumbo,
Pude ouvir o som do mar que num dia de sol
Enlameou a minha boca de saliva, sal e areia…
Mal podia esperar por ti!

Que vale o desejo,
Quando a vida é pródiga de frutos?

A felicidade é como uma marmota branca
Dentro de um prato de sobremesa,
Cheio de morangos doces, aromáticos e vermelhos
Cobertos com chantilly
E algumas gramas de chocolate ralado…

Nunca é completa!
Nem tão duradoira como se deseja!

Apenas o tempo de saboreares a fruta carnuda
E suculenta do teu prato.
Depois, esfuma-se no imenso mar da saudade,
No desejo de voltar ao lugar,
Ao instante vivido,
Á emoção sentida…

No retroceder da vida…

DERIVAÇÕES DO SER

SOU UMA NAVEGANTE DE NUVENS, SOLITÁRIA…


Sou uma navegante de nuvens, solitária…

As ameias daquele castelo
Evaporam-se na bruma dos teus olhos
E na ansiedade da tua boca.
Queres amassar-me contra uma parede de relva,
Circundada de rosas vermelhas,
Como o sangue que corre em tuas veias.

A brisa do mar, de verde vulcânico,
Entranha-se no meu cabelo de lima, limão,
Limão esmeralda, caju, tanto faz…
O importante é ver-te com o teu sorriso
De folha branca por entre teus lábios de cereja.

Flutuas no mar ou no ar? Que importa?
És tu? Ou não és?

A nuvem passageira e airosa
Atormenta teu cérebro, fruto de canseiras e cansaços,
Desesperos e lágrimas!
Os sentimentos já não são o que eram…
Assim pensava eu!…
Mas não. São iguais… Sempre iguais…
Os protagonistas é que mudam!
Hoje és tu. Amanhã outro, ou ninguém…
Ao fim de algum tempo, já não tens sentimentos.
Tens lembranças…
Já não sabes chorar, nem amar, nem querer, nem sonhar…
O espírito entorpece e amarra teu corpo ao desperdício,
Ao quebranto, enganado à vida sufocada,
Á desesperança de uma vida,
A tua!
E a minha!

DERIVAÇÕES DO SER

PENSAS QUE ÉS O NADA!


Envolta na tua perene sombra
Complementaridade de medos e ensejos,
A tua pele brilha do nervosismo e pressão,
Que te motivaste a possuir…

Deixa!
A matéria precária do corpo,
É tão ínfima, para todo o teu ser!
Apenas abrange o suporte do paradigma da existência…

A representação que tens de ti e dos outros,
Ultrapassa essa estreita barreira
Que se consubstancia,
Numa redução ou isenção do eu total…

Essa natural dialéctica do físico e espírito,
Da imagem à identidade,
E integridade pessoal,
Alcança, voos tão complexos, percepções díspares,
E, por vezes, sentimentos incompreensíveis
De impotência e demência,
Perante o diagnóstico recebido…

O nada!
Pensas que és o nada!

A incidência fixada no pensamento da morte
Ou da curta vida!
Quem sabe?

“ Há mais dias, que marinheiros”!
Tens de ter a coragem
Para atravessares marés e desertos
Que surjam no teu caminho,
Para, por fim, encontrares
Uma praia ou um oásis,
No teu coração!




NA VINHA DO TEU DESESPERO…


Piso as uvas
Sobre um ninho de pintassilgos dourados
Ao sol da escada perdida
Na vinha do teu desespero…

Choras lágrimas de mosto
Na ousadia de ficares ausente
De todos por uns dias.

A angústia e a depressão
Imperam no teu rosto endurecido
Por nuvens cinza,
Corridas de pântanos azuis e verdes,
No câmbio das caminhadas ousadas
E desesperantes,
De quantos calejam socalcos de xisto
E parras vermelhas e doiradas
Neste mês de Outono, Outubro belo!

As notícias são más!
Com poucas esperanças
Para quem já está mal de rendimentos.

Há cortes financeiros
Que abalam os teus compromissos
De qualidade de vida, saúde e educação.
Mas repara!
Há muitos outros,
Com sonhos desfeitos,
E, nem para comer, têm pão!

DERIVAÇÕES DO SER

O CANTO DO CISNE


O canto do cisne
Ecoa na sombra do teu olhar
Distante, sonhador, saudoso…
Pára de grasnar, cantar ou chorar…
Esquece as mágoas, as angústias,
As sombras, os ares de afrontamento,
O câncer na mama, no intestino,
Ou na próstata!
Só vives o hoje e o agora…
O passado passou.
O futuro é incerto!

Vive o presente com a experiência
E o conhecimento do que viveste
E na esperança do dia de amanhã,
Quando vier…

Soltam-se os ais do teu peito,
Como se fosses agora morrer…

Não quero ver a tua alma sem luta!
Não quero encontrar-te no desespero
E na solidão do momento…
Olha!
Olha à tua volta!
O que vês?
Porventura, a vida dos outros,
Não tem espinhos, nem socalcos,
Nem montes a serem ultrapassados?

Pensas que os outros só têm rosas
De pétalas vermelhas,
Sem espinhos e perfumadas,
Prados verdes, árvores frondosas,
E pessoas amadas,
No seu caminho?

DERIVAÇÕES DO SER

SOU UM CAVALO ALADO


Sou um cavalo alado
Que voa para longe, longe…
Cidades, vilas, aldeias,
Montanhas, rios, mares e florestas,
Tudo passa por mim
Desfigurando-se na bruma do tempo,
Dos sonhos e esperanças,
Das lutas conseguidas,
Dos pequenos momentos de felicidade
E de inúmeros tempos
De tristeza e dor…

O coração tem-me apertado
Mais de tristeza que de alegria…
Porém, continuo…
Na esperança de melhores dias.
Aprendendo sempre…
Para me tornar num ser
Mais experiente e tolerante
E com mais sabedoria…
Nesta alma errante…

DERIVAÇÕES DO SER

POBRE POETA

Pobre poeta,
Cantor e trovador
Tu o ético, o solidário…

Nada ganhas com a tua poesia,
Canções ou trovas…
Desse teu trabalho diário…

Há sempre um homem ganancioso
Que te come o suor e o esforço zeloso
De noites sem adormecer,
E dias sem comer...

Por acreditares num mundo melhor,
De encantamento e amor,
Olvidas essas vis criaturas
Que só vêm o níquel tinir,
E apresentam só finuras,
Apesar de ser tudo a fingir… fingir…

Para ti, a poesia e a arte,
Vai para além de ti, de mim, e, de vós…
Da fome, da morte, da vida …
Nessa procura infinda do ser
Maravilhoso, que há em todos nós!


2010.09.09



33. O SONHO DO POETA

O sonho do poeta,
Ultrapassa os novos e velhos tempos,
A vida,
Os caminhos limitados
Que fechas, a cada dia e hora…

Voa célere,
Cobrindo a terra com o seu manto
De esperança e luz…

O sonho do poeta,
Quer um mundo melhor
Com cheiro a rosas e maresia,
A erva fresca e terra húmida,
E, onde águas límpidas e cristalinas,
Correm nos rios, enchendo os mares.

O sonho do poeta,
Quer paz entre os homens,
Canções e brincadeiras de crianças,
Trabalho, saúde, habitação, pão,
E o fim de todas as formas de dependência,
De miséria e de opressão.

O sonho do poeta,
É tão grande, intenso, forte e luminoso,
Que dada a sua impossível concretização,
Não passa de um sonho de poeta!

2010.09.09

DERIVAÇÕES DO SER

QUEBRANTOS

Quebrantos
E tristes prantos,
Do dia e da noite,
Do agora e do logo,
Do ontem, amanhã e depois…

Isto é a vida!
E acontece com todos:
Ricos, pobres, remediados,
Negros, brancos, gordos,
E magros!

Todos os homens são iguais:
Em África, na Ásia, na Europa,
Jovens e de avançada idade,
Na procura da felicidade!

2010.09.08

DERIVAÇÕES DO SER

SOBREVIVÊNCIA

Sofro o impossível na tua ausência…
Não é assim tão linear, como pensas, a existência!
Que ousas fazer, dizer ou sentir?
E onde cabem os teus ensejos, desejos, dores e ais,
Senão, no percurso de cada noite e dia…

Vê! O mundo não se fecha em ti ou em mim!
É mais, muito mais, do que és e sou!
Fica para além da tua abrangência,
Grupal, solitária ou mesmo, demência…

A luta da vida e da sobrevivência,
Ultrapassa as dores, os sofrimentos,
As alegrias e tristezas de mel e fel…
Porque, a fome, é um animal sem fim,
Negro, frio e odioso, que nos sufoca, a ti e a mim!

2010.09.08

DERIVAÇÕES DO SER

EMIGRANTES EM BUSCA DO PÃO…

Partiam no silêncio da noite
Como pródigos peregrinos,
Carrinhas repletas de homens
Em busca de novos destinos.

Com saudades dos filhos
Das esposas e dos pais
Que nas terras deixavam
Ciciando lágrimas e ais…

Emigrantes em busca do pão…
Vi-os passar semanalmente,
Despedaçado o coração
Pela estrada da morte
Em direcção a norte
Ou a sul de regresso,
Com tristeza ou alegria,
Em seu calejado rosto expresso
Fruto do abandono e d`agonia…

2010.08.03

DERIVAÇÕES DO SER

A LEI DO MERCADO SER, MAIS TER

O desemprego aumentou no país
Região, famílias e pessoas atingiu.
São milhares sem trabalhar.
O ditado popular a ousar:
“Em casa onde não há pão,
Todos ralham e ninguém tem razão”

Filhos pequenos para criar e educar
Rendas ao senhorio por pagar
Prestação bancária a atrasar
Água, luz, gaz, sem se poder pagar.

À farmácia não se pode ir
Ao médico muito menos,
A gripe A a ir e a vir,
Mas vacinas, ao menos, temos.

A Segurança Social mantém
O seu papel de dever
De cumprir os direitos fazer
Dos trabalhadores que o têm

Mas nem todos do subsídio usufruem
Apenas aqueles que contribuem,
Pois há muitos patrões,
Que ao não pagar, lucram milhões.

A lei do mercado ser, mais ter.
A globalização nosso mundo invadir
A China e a Índia a desenvolver
A Europa e América a decair.

As finanças são papel, ideias,
Jogos, bolsas e Internet.
Companhias e seguradoras, idem.
Empresas megas e grandes, também.

Quem manda, não se sabe.
Mas, na realidade pura e crua,
Poucos, enriquecem!
E, muitos, empobrecem…

2009.12.25

DERIVAÇÕES DO SER

NUM PANO DE BUREL

Num pano de burel
De tom amarelo cor de mel
Com cansaços e abraços
Soltam-se os teus e meus passos

Esta rosa e louca boca
De amor entontecida
Esperou-te perdida
Numa vida cheia ou oca

Caminhos impossíveis
De sonhos intangíveis
Que alguém ao vento gritou
E ao luar soluçou

Mesmo assim, de ti e de mim,
Quis gritar perdidamente
Como uma qualquer gente
Vestida de chita ou cetim.

2010.07.13

DERIVAÇÕES DO SER

AMA-ME, ANDA, ABRAÇA-ME!

Ama-me,
Anda, abraça-me!
Cerca-me com os teus braços
Vigorosos do trabalho árduo
Do dia a dia…

Beija-me com os teus lábios
De mel e rosas,
Pétalas e cheiro a jasmim,
Mentol e bolo de arroz,
De que tu gostas, e, te inundas
De desejo e saciedade,
Quando estás comigo…

Mais uma vez, abraça-me,
Aquece-me com o teu corpo
E diz-me
Que me amas…

2009.08.29

DERIVAÇÕES DO SER

DERIVAÇÕES DO SER

NOS TEUS ENLEIOS

A seiva suave, alimenta-te!
Sobe pelo teu tronco,
Braços, ramos e folhas…

Teu corpo é um ser em construção,
Em constante metamorfose,
Que na rebeldia
De um sopro de intenso vento,
Quer cair sobre mim
A qualquer hora e dia
Em momentos de alegria ou dor…

Ouso desafiar-te!
Não quero permitir que me domines
Com os teus enleios,
Os teus desejos e ensejos
Da esperança e do amor…

Pensa, quem eu sou!
Quem tu és!
Quem somos nós!

E permito…

2009.08.24