quarta-feira, 15 de setembro de 2010

POESIAS

DE BESTA, EM PLENA ARENA


Tons sépia e terra de sienna
Murais evocativos
De laivos sanguinolentos
De besta, em plena arena.

Nessa luta encarniçada,
Entre touro e cavaleiro
Cai aquele, após lenta rendição
Contra a própria paliçada.

Tal flagelo animal
Na luta da sobrevivência
E de heróica resistência,
Após uma desigualdade tal.

Quem venceu?
Quem foi vencido?
O homem no seu apogeu?
Ou o animal destemido?

2010.01.01

POESIAS

SOLIDÃO

A solidão é mais que um momento,
É a angústia dolorosa de um tormento,
É dor de te desejar, e, não te ter…
É a lembrança de um bem querer,
Que outrora vivi intensamente,
Mas que assim passou, rapidamente…

A solidão é dor que fica no meu peito,
De te ter amado a meu jeito,
De saudade e amor infindo,
Sem ousar pensar no tempo vindo,
Nos sonhos que juntos acalentámos
E nos filhos que, em vão, desejámos…

A morte veio ofuscar a esperança,
Tal mar em tempo de bonança,
Que um dia, tu e eu, sonhámos,
Nos dias festivos em que nos encontrámos,
Outrora, noutra vida, noutro mundo,
Que desconheço já, tal desceu fundo…

2009.08.25

DERIVAÇÕES DO SER

DERIVAÇÕES DO SER


Eu sou uma navegante de nuvens, solitária.
As ameias daquele castelo evaporam-se na bruma dos teus olhos e na ansiedade da tua boca.
Queres amassar-me contra uma parede de relva circundada de rosas vermelhas como o sangue que corre em tuas veias.
A brisa do mar de verde vulcânico entranha-se no meu cabelo de lima, limão, limão esmeralda, caju, tanto faz. O importante é ver-te com o teu sorriso de folha branca por entre teus lábios de cereja. Flutuas no mar ou no ar? Que importa? És tu? Ou não és?
A nuvem passageira e airosa atormenta o teu cérebro fruto de canseiras e cansaços, desesperos e lágrimas.
Os sentimentos já não são o que eram. Ou pelo menos assim pensava eu. Mas não. São iguais. Sempre iguais. Os protagonistas é que mudam. Hoje és tu. Amanhã outro ou ninguém. Ao fim de algum tempo, já não tens sentimentos. Tens lembranças. Já não sabes chorar, nem amar, nem querer, nem sonhar. O espírito entorpece e amarra teu corpo ao desperdício, ao quebranto, enganado à vida sufocada, à desesperança de uma vida...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

NA MARGEM ESQUERDA DA RIBEIRA
PREFÁCIO

Escrever este prefácio honrou-me particularmente.
O ritual não podia ser melhor nem mais completo. A escolha do lugar, o espaço, invulgar pela envolvência da paisagem, a música que o barman escolheu: Deseja que ponha música? Se faz favor. Qual desejaria? Música clássica. Tem? Não, não temos.
Então uma à sua escolha, sugeri.
Dois minutos depois, a voz de Joan Baez no tema Diamonds and Dust, adoçava-me a inspiração naquele estar envolvido em profundo recolhimento, tão bucólico quanto poético e o aprazível local “Ares de Serra”, da Serra de Nogueira, transportaram-me para a Serra do Reboredo, onde a escritora bebeu a singularidade do seu dizer e do seu sentir, tão simples quanto comovedores, que ora nos fazem sorrir, ora emocionar constantemente ao longo de toda a obra.
Há mais de 30 anos que nos conhecemos.
No tempo de estudantes já existia algo que nos aproximava. Mais tarde, a luta pela igualdade e direitos das mulheres, fortaleceu-nos de novo as cumplicidades num programa radiofónico onde convidei várias vezes a Idalina.
Penso que sempre a conheci e não a conhecia, até hoje, que o seu escrito me surpreendeu pela coragem e rigor da discrição autêntica da sua infância, sem nada esconder daquilo que sofreu e amou, numa dádiva descomprometida e descomprometedora do seu exemplo de vida que nos sensibiliza e nos atrai cada vez mais nesta leitura.
Ao lê-la, lia muito de mim, apesar dos grandes afectos de que sempre fui alvo na minha infância, por parte dos meus familiares e de toda a gente das comunidades onde cresci, mas que à Idalina nem sempre suavizaram os primeiros anos de vida.
E pensava eu, comparativamente, como essas agruras não lhe talharam outro carácter, antes porém lhe acentuaram a bondade e discernimento, a inteligência, a sensibilidade para as grandes causas sociais e a dedicação à vida, dela e dos demais, familiares e amigos, colegas e utentes que nutrem pela autora a simpatia e o respeito que todos conhecemos.
Talvez o extraordinário labor do fantástico mundo das abelhas lhe tivesse dado o exemplo de vida que hoje é. Talvez a constante perseverança pelos caminhos da vida, onde a alegria de viver é manifesta na entrega à assumida responsabilidade de querer ser feliz, onde a autora, numa atitude de profunda simbologia telúrica, semeia à sua volta uma natural e espontânea convivência em todos os contextos onde se movimenta, aplanando os difíceis percursos que a levariam a constituir-se em ser vivificante, que incute nos outros um forte respeito pela vida e pelo sagrado dever de, também pela vida, procurarmos sempre todo o bem que ela contém e que gratuitamente nos oferece.
Mas o livro, este livro é um documento que regista a história de uma menina e sua família, sempre pautada pelos valores da honradez, da seriedade e do trabalho à volta do mundo rural e da sua infância e também na sublime e sagrada arte da luz, o fabrico artesanal de velas, que, ao tempo, eram somente de uso religioso, pelo seu elevado custo.
E os sonhos da menina e de todos os meninos filhos de cerieiros, talvez ganhassem asas mais depressa, porque enformados nas esculturas de cera que seus pais faziam para o cumprimento de promessas aos Santos de todas as devoções por este País fora, engalanado de procissões e de miséria social, onde a fome e o obscurantismo deixavam à mercê da sobrevivência, as portuguesas e os portugueses que aguentaram um País arruinado, na longa espera dos alvores de Abril.
Este livro é um retrato social, económico, cultural e educativo de um tempo que foi de nós todos e que fez de nós os obreiros incondicionais da Liberdade, do progresso e desenvolvimento de uma mentalidade individual e colectiva que havia de devolver ao País a dignidade perdida, vencendo 50 anos de repressão, de analfabetismo e de opressão.
É um retrato fiel a preto e branco, mas também a cores, a cor que animou sempre a alma destas crianças que fomos todos nós, os perseguidos e mal-amados do regime, os filhos dos que apoiaram Humberto Delgado e o fizeram ganhar as eleições em pequenas freguesias rurais, ou disseram sempre aos seus filhos que os livros proibidos só se liam em casa, sem ninguém saber, os que tinham um código de vida que não permitia grandes convívios na praça, no adro, ou pelos caminhos que levavam aos lameiros e outros pastos, no nosso mister de pequenos guardadores de rebanhos.
Este livro é o livro que eu nunca escrevi, mas que vivi e por isso considero-o também meu e de todos quantos o viveram e o lerem nessa lembrança, filhos adoptivos das cidades que hoje povoamos à custa da desertificação do nosso muito amado e saudoso mundo rural que nos formou e educou na coragem e valentia, na esperança e no ardor da luta por um País livre de todos os males que ajudámos e ajudamos a construir e que queremos preservar de todos os retrocessos, para que as palavras Democracia, Liberdade e Paz Social, se escrevam para sempre com a força multicor da nossa bandeira. Um País colorido, onde o preto e branco simbolizem apenas o respeito que nutrimos pelo nosso passado e pela História da Humanidade de que somos actores e também autores.
Obrigada, pois, à autora e estimada amiga, por me ter concedido este privilégio.
Faço votos que o teu primeiro livro seja mesmo o primeiro de muitos que ainda nos vais oferecer, pois as tuas qualidades humanas, profissionais, sociais, culturais e literárias, exigem-te que nos ofereças tudo o que sabes, tão bem, revelar.
Entrei no Bar para terminar o texto. Chovia lá fora. O barman, apercebendo-se que finalizara olhou para mim e pôs de novo o tema de Joan Baez, Diamonds and Dust. Como explicar esta atitude pela escolha acertada e repetida desta tão singular e apropriada música de fundo que me inspirou estas palavras?...
Que Divina e quão feliz coincidência!!!...

Bragança, 7 de Julho de 2004
Rita Pires
CONTRACAPA


…” E, penso muitas vezes, que este meu amor ao campo é idêntico ao amor que muitas pessoas têm pelo mar ou pela cidade. Aqueles, porque nasceram, viveram ou vivem junto àquela imensidão azul e verde, branca e salgada, agitada, buliçosa, que os encanta, perturba ou atormenta. Estes, pelo movimento, acção, barulho, vida, mudança, agitação frenética, stress, que os faz viver, respirar, cansar, suar, mas que “morreriam” sem esse conforto diário.

Já vivi nesses cenários. Amei-os enquanto duraram e, me foram imprescindíveis à minha existência e construção do meu futuro.

Porém, à minha alma campesina, faltava o ar frio e leve, quente e abafado, faltavam as serras, as montanhas, os vales, o imenso planalto que a chamavam diariamente e, a atraíam sempre. Ela, não poderia viver sem o “seu Trás-os-Montes” e, longe, uma saudade imensa assolava-a, atormentava-a, que só terminou quando, definitivamente regressou para aqui viver.

Sou camponesa com apenas os primeiros anos da minha Infância. Mas aprendi, nesse curto período da minha vida, a amar o campo e, quem aprende a amá-lo, jamais o esquece. Amá-lo-á sempre, por mais longínquo que possa estar e por mais agitada, movimentada ou atarefada a sua existência…”

Na Margem Esquerda da Ribeira

DEDICATÓRIA


À minha família alargada e restrita
A todas as Pessoas que invoco neste livro
À População de Felgueiras – Moncorvo

Todos vós sois os Heróis desta História.
Peço perdão àqueles que, por ventura,
Ficaram ofendidos
Com as minhas lembranças.
Não sois piores, nem melhores, que os outros.
Sois diferentes. Sois únicos.
Sois vós.

Eu, sou apenas e só, uma simples Cronista
Dessa realidade passada,
Limitada e inacabada…

Só…
Para relembrar
Para não esquecer
Para me encontrar.


A Autora
Bragança, Janeiro de 2003

domingo, 1 de agosto de 2010

Apresentações Públicas Escritas do Livro ” Despedimo-nos, então…”

1- Apresentação de Fátima Fernandes

É um prazer estar aqui e poder apresentar uma obra que acompanhei desde o início da sua concepção e que vi amadurecer ao longo de meses de trabalho criativo e para a qual tive a satisfação de escrever o prefácio.
Obviamente que não vou atrever-me a fazer aqui uma análise da obra nem falar sobre ela, para isso ninguém melhor do que a autora para transmitir o seu conhecimento. Vou, apenas, salientar alguns momentos que me parecem importantes para a sua leitura e para a sua compreensão.
A minha primeira abordagem foi de curiosidade, tentar descobrir o que estava por detrás do título “Despedimo-nos, então…” e conhecer a mensagem que a autora quis transmitir. Página a página, a minha curiosidade aumentava e ofereci, a mim mesma, a fruição das páginas que me apareceram cada vez mais breves, deixando a minha imaginação vislumbrar as personagens, reconhecendo-as nos seus mais profundos sentimentos e transformando-me na leitora ávida de conhecimento e um pouco uma companheira da viagem ao passado a ao interior da duas personagens riquíssimas que me guiaram por entre a história íntima mas desvendada de Lara.
É num encontro intimista que surge uma reflexão sobre o passado de uma personagem que constrói o seu quotidiano num período de envolvência política acesa, conjugando os valores presentes e oscilantes com os adquiridos num meio pequeno, com todas as características e os constrangimentos próprios de uma época em mutação, onde o conservadorismo e a modernidade tendem a misturar-se, sem fronteiras delimitadas.

“Reflicto muitas vezes sobre este mundo global em que vivemos, nos seus diferentes países e culturas, cidades, aldeias e lugares mais recônditos, repletos de um emaranhado de histórias individuais e colectivas, que se interligam com a nossa própria história, e nos marcam profundamente, para as lembrarmos mais tarde…”

Poderemos entender esta história como uma aventura de encontros e desencontros, com referência a lugares, personagens, acontecimentos nacionais que serviram de alimento e de suporte ao crescimento da personagem principal.
Lara distingue-se, desde logo, pela vontade de lutar contra um destino que se reconhece marcado por uma força que ultrapassa as barreiras da desigualdade social e territorial.

“Uma sombra de tristeza e dor passou pelo meu rosto róseo ovalado, onde alguns cabelos negros desciam até ao pescoço…
Mas durou pouco, muito pouco, em segundos, de novo a esperança e os sonhos me assolavam, como se tivesse a certeza que a minha vida iria ser diferente daquela a que as condições económicas dos meus pais permitiam e, alguma coisa de muito bom me iria acontecer (…)
Os meus pés pareciam voar, percorrendo em metade do tempo habitual esses dois quilómetros e meio que fazia diariamente de casa para o Liceu e vice-versa, quer fizesse sol, chuva ou tivesse caído uma grande nevada ou uma geada de fazer bater os dentes e os dedos das mãos se entorpecessem, apesar das luvas e casacos de lã, feitos por minha mãe à lareira, nos longos serões de Inverno.”

Ao acompanhar o seu percurso, visualizamos, também um pouco, a nossa história como país, num momento crucial que trouxe alterações na sociedade e na construção das gerações que se seguiram.

“Uma alegria contagiante, epidémica, invadiu casas, cafés, escolas, faculdades, empresas, ruas, praças e avenidas. Todos éramos iguais, amigos, irmãos… Percorríamos as ruas da cidade, altas horas em grupos de jovens sem medo ou qualquer receio. A confiança emanava entre todos, homens, mulheres, jovens e menos jovens, já que a esperança e o futuro eram as nossas perspectivas de vida.”

Este olhar atento que nos vai desvendando a história passada é um olhar feminino, diferente que, gradualmente, se apercebe dos problemas de uma sociedade em transformação, das novas preocupações da juventude e das novas formas de se relacionar com o mundo. É uma nova existência que se vai abrindo aos olhos do leitor, deixando antever, par os que não viveram essa época, os temas inquietantes que então afloravam.

“Este acontecimento vivido foi o início de uma nova fase da minha vida que veio, em parte, alterar a estrutura e alguns códigos de conduta recebidos pela educação advinda de meus pais, ou que me foram socializados na Escola e nas comunidades onde cresci, pela forma como reavaliei os factos do passado e perspectivava os novos que iam surgindo.
A sociedade estava a mudar e nós tínhamos que acompanhar essa mudança sob pena de ficarmos pata trás na história e na vida…”

Despedimo-nos, então…
aparece-nos, ainda, como uma constante reflexão sobre os diferentes passos da vida, ajudando a construção pessoal das personagens e a aceitação da condição humana nas suas progressivas etapas. Num mundo em mudanças sociais e pessoais, surge um sentimento forte que ultrapassa os condicionalismos da época e que perdura no tempo.
Este amor surgido numa época intensa cresce num conjunto de diferenças, de dicotomias que percorrem a obra e a vida das personagens principais: norte, sul, mundo rural, mundo urbano; passado, presente; pobreza, riqueza; conservadorismo, modernismo; homem, mulher.

“Tu eras e sempre serás uma mulher da montanha e dos contrastes, da luta e da coragem, do caminho que leva ao alto, ao norte, na busca de céu infinito…
Eu sou e serei sempre um homem da planície, da organização, da melancolia e dos caminhos lineares que avançam pela terra sempre mais longe, mais distantes, mais a sul, infinitamente inalcançáveis…”

O relato dos encontros dos dois jovens, Lara e António, marca a saudade de uma existência passada, de um amor longo e intenso que surge como o ponto de partida, a vontade de contar e, talvez, de reviver a perda de uma ilusão. Mistura-se a fantasia com a realidade, semeando, no leitor, a dúvida de estar perante o testemunho de um amor real e intemporal.
Aqui, o tempo surge-nos como uma catarse. É a partir dele que entendemos o valor das nossas acções, a força da nossa memória, a importância de momentos passados e a magnificência do nosso futuro.
Despedimo-nos, então… é o recolher de uma vida, o desenvolvimento do sentir e essencialmente do existir, dos sonhos concretizados ou não, lembranças de um momento de suma importância para a narradora.
Situamo-nos entre realidades bem distintas, expressas com força, paixão e angústia, fazendo-nos participar no nascimento do sentimento de cidadania plena e activa, na descoberta dos sentimentos mais intensos e pessoais de Lara e na angústia da perda. Perda de uma ilusão ou de várias simultaneamente, sem pudor, sem medo de se revelar, de se desnudar perante o leitor, figura silenciosa que acompanha esta viagem da memória.


2- Apresentação de Paulina Santos

Exmºs Srs. e Srªs
Minha Querida Amiga Idalina;

Tentei em vão programar uma intervenção escrita, mas sempre que o tentava fazer, surgiam-me episódios e vivências que ambas partilhámos, memórias essas que estavam guardadas no meu coração e que Lara me ajudou com saudade reavivar!
Que bom Idalina teres guardado momentos da nossa história marcante – o 25 de Abril. Acontecimentos, momentos de encontro e desencontro que tão bem Lara soube recolher do teu diário…
Ainda me lembro, éramos jovens que só um bom aproveitamento escolar, permitia estudar em Lisboa, e nós queríamos estudar, aprender, mas também participar activamente em todas as conquistas que Abril nos abriu, e, esse desejo marcou-nos para sempre!
Mas não foi fácil, havia muitas armadilhas e nós éramos confiantes e muitas vezes ingénuas.
Conheci o António Eduardo, também ele vindo da planície como eu, e só hoje, neste dia, lhe perdoei as suas “incongruências” que tanto fizeram sofrer Lara.
Esta história de amor não teve o fim que gostaríamos, mas abriu, novos alicerces no horizonte a Lara, que nos proporciona este lindo romance.
Idalina, quando há meses me pediste para ler e opinar sobre o teu livro, surpreendeu-me o vigor da tua escrita, a tua ternura consubstanciada numa racionalidade e rigor de pormenor na forma como descreves a revolução dos cravos…
Foi um momento histórico, em que vivemos tantas vidas!
Hoje, neste dia, sinto-me orgulhosa de ti e feliz por ser merecedora da tua amizade ao convidares-me para estar aqui contigo, neste dia tão importante para ti – A Apresentação Pública do teu livro “Despedimo-nos, então…”.
Termino com um poema que, de um modo especial te retrata e nos retrata a nós, geração de Abril:
“Ia e vinha e cada coisa perguntava que nome tinha” – Sofia Mello Breyner Anderson.


3- Apresentação da Autora

Saudações:

Exm. Sr. Presidente da Fundação “Os Nossos Livros”, Eng. António Jorge Nunes – Obrigada pelo seu apoio pessoal e da Fundação a que preside, na abertura das portas desta casa a esta acto público de Apresentação do meu livro;
Obrigada também, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Bragança, pelo patrocínio ao mesmo;
Este agradecimento, é pois, duplo: quer como Presidente da Fundação, quer como Presidente de Câmara;

Os meus agradecimentos vão igualmente para a Drª Alcina Correia, membro executivo da Direcção da Fundação, minha professora de História no Liceu Nacional de Bragança e de quem guardo óptimas recordações, para o Dr. João Alves e D. Luísa Lopes, funcionários desta instituição pelo vosso óptimo trabalho de preparação deste evento e disponibilidade em nos receberem a todos nesta Fundação;

Exmª Drª Alexandra Alves, Representante da Papiro Editora – Obrigada à Papiro Editora, Sua Administração, Drª Marta Moreira Pinto e Dr. Bruno Mourato, pelo apoio e responsabilidade que assumiu na edição desta obra; bem assim à Drª Sandra Macedo, Coordenadora Editorial, a Narcisa Moura, de Eventos, a Verónica Cardoso, e, a Sérgio Carvalho, entre outros. Obrigada também à Folio Design, a Miguel Santos e Miguel Paulo, pela Coordenação Gráfica, e, à BUK Distribuição, responsável pela mesma;

Exmªs Drª Fátima Fernandes e Drª Paulina Santos – Queridas amigas, Obrigada pela vossa disponibilidade em Prefaciarem e agora Apresentarem este Livro, bem assim pelas vossa maravilhosas palavras.

Obrigada também ao Dr. João Cabrita, pela sugestão do título dado a esta obra: “Despedimo-nos, então…”; tema muito mais interessante do que aquele que eu lhe tinha dado no início “A Revolução dos Cravos e Nós”.

Os meus agradecimentos vão igualmente para os Drs. Hernâni Dias, Fátima Martins, Luísa Dias e Eugénia Martins, e, demais funcionários da Câmara Municipal de Bragança, por todo o apoio prestado;

Aos meus colegas Vereadores na Câmara Municipal de Bragança: Sr. Presidente, Drª Fátima Fernandes, Arq. Nuno Cristóvão, Prof. António José Cepeda, aqui presentes, Eng. Rui Caseiro que não pode estar presente devido a doença e à Drª Isabel Pires, por se encontrar de férias, a todos os meus agradecimentos.

Aos jornalistas, repórteres e editores de imagem dos diferentes Órgãos de Comunicação Social aqui presentes, o meu muito obrigada;

Obrigada a Todos aqueles que não referi, mas não quero esquecer, Presentes e Ausentes, aos meus Amigos e a todas as Pessoas que directa ou indirectamente me apoiaram na concretização deste meu sonho;


Queridos Convidados;
Queridos Amigos;
Meus Colegas da Segurança Social quer do C Dist de Bragança, quer espalhados pelo Distrito e pelo País, que vieram de longe, nomeadamente do Porto, Vila Real, Mogadouro, etc., o que demonstra a sua amizade por mim. Seus Dirigentes, minha Directora aqui do C Distrital, Drª Teresa Barreira e ao Sr. Director Adjunto, Dr. Orlando Vaqueiro, que me telefonou a desejar-me felicidades, mas não pode estar presente. A todos os Funcionários. À Direcção do CCD, que colocou este evento na sua página da Internet, que abriu com a notícia da mesma.

A todas as Entidades aqui presentes. Aos Srs. Presidentes de Juntas de Freguesias. Aos Srs. Dirigentes e Funcionários de IPSS.
A todos vós.
Minha Família;

Obrigada a Todos pela vossa presença;

É a 1ª vez que me encontro perante vós no desempenho deste meu papel de cidadã da aprendizagem da escrita.
Cidadã deste País e deste Mundo, já que a intervenção pela escrita não tem raça, credo, religião ou cor.
A sua dimensão universal mais responsabiliza socialmente os criadores da palavra, pois, neste exercício de produção, transmitem cultura, valores, atitudes, ideias, actos e vivências próprias ou de outros.
É certo que a realidade existencial da nossa vida quotidiana é muito mais operativa, forte, intensa, já que o vivenciar os factos bons e menos bons, do dia a dia, tornam aquela mais cruel ou emotivamente mais excessiva.
Mas, cada pessoa, cada um de nós, é um ser único, que busca incansavelmente a felicidade, dada a sua necessidade violenta de amor, de compreensão e de auto-estima.
Não ouso, nem quero comparar-me com alguém que seja.
Entendo que temos pelo menos, uma missão a cumprir neste Mundo: a obrigação de colocar todas as nossas competências, capacidades conhecidas ou ainda por descobrir, a nossa sabedoria, força e vontade, ao serviço dos outros seres humanos.
Podemos não conseguir uma vez, várias vezes, ou de todo.
Mas cabe a cada um de nós, ousar tentar, nem que esse acto seja de exposição pública do seu próprio eu.
E quem, hoje em dia, não se encontra exposto?
Cada um de nós, no seu livre arbítrio, é responsável pelas suas escolhas e actos, e, é-o também em retirar dos mesmos a aprendizagem inerente à sua evolução como pessoa.
E, depois, só não aprende quem não erra, e, não tenta todas as vezes que forem necessárias.
E, nunca se consegue atingir a perfeição.
Esta, é apenas um projecto, um objectivo a alcançar, um sonho a concretizar…

Queridos Amigos:

Já dizia Sebastião da Gama “Pelo sonho é que vamos…”
Este, é o meu sonho “sonhado” de há dezenas de anos. Daí, a importância que este dia tem para mim!
Sempre me identifiquei, desde que me conheço, com o papel da leitura e da escrita. Li centenas e centenas de livros e escrevi muitas dezenas de páginas, umas que rasguei, outras que coloquei de lado até uma nova oportunidade e outras, que já pude transmitir.
Para aqueles que não me conhecem tão bem, é aos momentos de solidão e inquietude que vou buscar a inspiração para a escrita da prosa e da poesia.
Confesso que sempre me identifiquei e senti mais poeta, do que escritora.
Camões, Guerra Junqueira, Cesário Verde, António Nobre, Fernando Pessoa, Miguel Torga, Manuel Alegre, Florbela Espanca ou Natália Correia, para falar só de alguns, são os meus ídolos da poesia.
Para a prosa, tenho dezenas deles, nacionais e estrangeiros, e/ou de carácter universal, por isso, não vou referir nenhum, com receio de me esquecer de um, sequer.
E, como dizia Fernando Pessoa que o poeta é um fingidor, “fingido o que não sente”, também a ficção nos leva a escrever fingindo aquilo que não é, nem existiu, ou, neste caso, se existiu, é de tal maneira visto, subjectivamente, que o mesmo é fingimento do eu na identificação do outro.
Do ponto de vista sociológico, o ser humano possui uma componente socializável muito forte, pois necessita da relação com os outros seres humanos, para a sua evolução.
Aliás, os cientistas da génese, referem que cada um de nós é 30% genes e 70% socialização, e, mais, o ser homem, nasce como um ser réptiliano e só se torna humano pela socialização.
Neste caso e, na escrita, cabe tudo.
A nossa imaginação não tem limites. Ela pode basear-se no passado histórico, recordando-o, pode referir-se ao presente, relatando-o, ou, pode ir ao futuro, imaginando-o.
Queridos Amigos, permitam-me que assim os chame,

Este romance que vos apresento é uma obra ficcionada dum momento histórico fundamental do nosso País: o 25 de Abril de 1974.
Só quem antes viveu este período salazarista e passou por esses momentos revolucionários, sabe dar a importância que a Revolução dos Cravos teve para cada um de nós.
A mim, marcou-me profundamente, e, marcou toda a minha geração, e outras que nos precederam.
Não imagino este presente e futuro de todos nós, sem o poder da liberdade do pensamento e da escrita.
Não me imagino sem poder falar e dizer o que penso e sinto, nem me imagino a viver sem ser em democracia, tolerância e pluralidade de pensamentos e actos.
Esta é a nossa grande riqueza do presente: a Liberdade.
Mas, nem sempre foi assim.
Durante anos, como sabem, a muitos milhares de portugueses, foi coarctada a liberdade da criação, sofrendo na carne e na vida, as consequências desses ideias e actos, que não eram coincidentes com os do poder instituído.


Queridos Amigos,

Lara e António Eduardo, são 2 jovens que foram para Lisboa estudar no ensino superior.
Lara, natural de Trás-os-Montes e António, natura do Alentejo.
Aí se encontraram, apaixonaram e viveram uma história de amor que marcou profundamente as suas vidas e o seu futuro.
Confrontados diariamente num emaranhado de conflitos entre a aprendizagem recebida em casa de seus pais e a abertura à mudança de novos ideais, isto é, na dualidade de uma cultura decadente e uma emergente, não foi fácil para os dois jovens essa vivência existencial.
Naquele período conturbado após o 25 de Abril de 1974, os conflitos políticos e ideológicos estavam tão à flor da pele naqueles que o viveram intensamente, que a atracção e o amor por outro ser, eram muitas vezes postos em causa, como se tentassem negá-los, na apologia do amor universal da luta dos trabalhadores e da classe operária.
Aliás, as convicções políticas inerentes aos seguidores e militantes partidários, levava-os ao ponto de pensarem que só eles tinham razão e a verdade do seu lado. A oposição mentia, porque estava contra eles. Todos eram sectários, mas para eles, os sectários eram os outros e não eles! Eles tinham moral, valores democráticos, ideologia revolucionária a favor dos pobres e oprimidos da sociedade. Para eles, os pobres e oprimidos dos outros partidos não eram os deles. Eram outros. Mais ricos e não pobres, nem que fossem os mesmos!
Abissal falta de conhecimentos, de tolerância democrática os invadia!
Conheci dezenas de casais que se divorciaram, só por divergências políticas, e, conheci outras tantas pessoas que se deixaram, apesar de apaixonadas.
A Lara e António assim aconteceu.
Apaixonaram-se. Amaram-se. Tentaram ser felizes, mas não conseguiram.
A sua relação afectiva foi feita de encontros e desencontros no amor.
Lutar contra os tabus e preconceitos culturais enraizados neles pela socialização, foi-lhe muito difícil, apesar de viverem intensamente a vida política em diferentes partidos de esquerda.
É mais difícil mudar mentalidades do que mudar os actos exteriores a elas, ou mesmo, os comportamentos só são alterados quando na verdade, há uma conscientização psicológica do próprio acto. Daí, a dificuldade da mudança, já que, anteriormente, se tem de estar aberto ao acto concreto de mudar.
E, a mudança era e é tão rápida!
Como sabem, naquela época, o problema que mais desgosto poderia trazer para dentro de uma família, não era um filho tornar-se toxicodependente, como hoje, mas o surgir em casa uma filha grávida, pois a mesma, além da sanção social que teria de enfrentar inerente a uma comunidade fechada e isolada, ficava, na maior parte das vezes, abandonada pelo jovem que a engravidava, e, raramente conseguia encontrar um novo amor que a apoiasse o resto da sua vida, ou era abandonada pela própria família que a punha fora de casa, tendo ela sozinha de criar o seu filho, muitas vezes numa luta constante para a melhor gestão dos parcos recursos económicos de um trabalho que mal dava para a sua própria sobrevivência.
Por outro lado, surgiam as ideias de liberdade sexual pela utilização da pílula contraceptiva, já vindas importadas de França após Maio de 1968, e, toda a influência do movimento feminista internacional, no sentido da emancipação da mulher quer a nível profissional, económico, civil e sexual, na luta contra as tradições patriarcalistas portuguesas, já apontadas anteriormente em 1972 em Novas Cartas Portuguesas, de Mª Isabel Barreno, Mª Teresa Horta e Mª Velho da Costa e depois difundidas por todos os partidos de esquerda. Estes, iam igualmente alimentar-se dos ideais revolucionários de países comunistas, como a ex – URSS, a China, a Albânia ou Cuba.
O papel de maior abertura a essa mudança, coube a Lara.
António Eduardo, ficou surpreendentemente preso aos valores tradicionais da sua cultura, por isso, foi António que quebrou os laços dessa relação.
Mais tarde, confrontado com a pergunta de Lara sobre se algum dia a amou, ele próprio reconhece que sim, e, que ainda a ama, embora soubesse à partida que esse amor não ia ter futuro ao dizer:

“Tu eras e sempre serás, uma mulher da montanha e dos contrastes, da luta e da coragem, do caminho que leva ao alto, ao norte, na busca do céu infinito…
Eu sou e serei sempre, um homem da planície, da organização, da melancolia e dos caminhos lineares que avançam pela terra sempre mais longe, mais distantes, mais a sul, infinitamente inalcançáveis…
Os nossos caminhos jamais se cruzam.
Como podemos encontrar-nos então?”

Lara perdeu esse amor.
Ficou para trás, despedaçada no sofrimento de uma ilusão que acalentou concretizar.
Foi Lara a mais apaixonada e, tal como Sóror Mariana Alcoforado ou como Santa Teresa D`Avila, essa paixão platónica, transformou-se num amor místico que durou mais do que um quarto de século.
E, como dizia Gandhi “ O amor á a força mais abstracta e também a mais potente que há no Mundo”.
Paixão tão intensa, que só um grande desgosto poderia levar ao ser termo.
Já durante o período de vivência apaixonada em comum, Lara sofreu uma primeira desilusão de António que a marcou profundamente.
O seu pensamento lúcido e aberto às novas transformações, põe em causa o próprio namorado que se diz revolucionário nas ideias que defende, mas, na prática, os seus actos dizem o contrário. A diferença psico-cultural entre o homem e a mulher naquele tempo, eram muito evidentes, apesar da educação superior ou não, recebida. O poder do homem sobre a mulher, era comum, que considerava como sua.
Daí, a dificuldade em reconhecer os direitos de Lara como mulher e pessoa.
Daí, o afastar-se dela e com a justificação da honra, e encontrar uma nova pessoa em que ele pudesse mandar e dominar…
Passados quase 30 anos, Lara continuou a acalentar a ilusão que ele tinha evoluído e que agora, poderiam enfim, ser felizes juntos.
Puro engano! Mais uma vez isso não aconteceu.
E, por fim, Lara reconhece a sua vida perdida de um amor que julgava eterno e diz:
“Não te quero encontrar, reencontrar mais! Mesmo no infinito…
Despedimo-nos, então…”
E, se lhe perguntarem se alimenta algum ódio por ele, dirá como Florbela Espanca:

ÒDIO
Ódio por ele? Não… se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto…

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! Nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não… não vale a pena.


E, mais não digo.
O desconhecido aguça a imaginação…

Queridos Amigos,
Para conhecerem pois, esta história de amor e paixão, encontros e desencontros, sobre Lara e António Eduardo, agradeço-lhes a leitura do livro que hoje vos apresento:
Despedimo-nos, então…

Um abraço a todos da Autora,
Maria Idalina Brito
Bragança, 4 de Setembro de 2009

sábado, 31 de julho de 2010

PREFÁCIO

No momento de descoberta desta obra, assaltaram-me algumas dúvidas sobre a abordagem desejada. Aquela que melhor apresentaria a escrita da autora e que, de alguma forma, manifestaria o prazer da leitura. Dois caminhos surgiram.
Um poderia ser o de pegar na obra, dissecá-la ao pormenor, tentando perceber a intenção da autora, o teor da sua mensagem, procurar entrelinhas as ideias que trespassam pela obra, de modo a engendrar uma teoria sobre a sua mensagem; outro, levar-nos-ia a aproximarmo-nos da obra com a intenção de fruir as páginas que nos aparecem cada vez mais breves, deixando a nossa imaginação vislumbrar as personagens, reconhecendo-as nos seus mais profundos sentimentos e transformando-nos no leitor que se torna, por sua vez, um companheiro de viagem.
É neste último contexto de encontro intimista que surge uma história, uma reflexão sobre o passado de uma personagem que constrói o seu quotidiano num período de envolvência política acesa, conjugando os valores presentes e oscilantes com os adquiridos num meio pequeno, com todos as características e os constrangimentos próprios de uma época em mutação, onde o conservadorismo e a modernidade tendem a misturar-se, sem fronteiras delimitadas.
Poderemos entender esta história como uma aventura de encontros e desencontros, com referências a lugares, personagens, acontecimentos nacionais que serviram de alimento e de suporte ao crescimento da personagem principal.
Lara distingue-se, desde logo, pela vontade de lutar contra um destino que se reconhece marcado por uma força que ultrapassa as barreiras da desigualdade social e territorial. Ao acompanharmos o seu percurso, visualizamos, um pouco, a nossa história como país, num momento crucial que trouxe alterações na sociedade e na construção das gerações que se seguiram.
É um olhar feminino, diferente, que, gradualmente, se apercebe dos problemas de uma sociedade em transformação, das novas preocupações da juventude e das novas formas de se relacionar com o mundo. É uma nova existência que se vai abrindo aos olhos do leitor, deixando antever, para os que não viveram essa época, os temas inquietantes que então afloravam.

Despedimo-nos, então… aparece-nos, também, como uma constante reflexão sobre os diferentes passos da vida, ajudando a construção pessoal das personagens e a aceitação da condição humana nas suas progressivas etapas. Num mundo em mudanças sociais e pessoais, surge um sentimento forte que ultrapassa os condicionalismos da época e que perdura no tempo.
O relato dos encontros dos dois jovens, Lara e António, marca a saudade de uma existência passada, de um amor longo e intenso que surge como o ponto de partida, a vontade de contar e, talvez, de reviver a perda de uma ilusão. Mistura-se a fantasia com a realidade, semeando, no leitor, a dúvida de estar perante o testemunho de um amor real e intemporal.
Aqui, o tempo surge – nos como uma catarse. É a partir dele que entendemos o valor das nossas acções, a força da nossa memória, a importância de momentos passados e a magnificência do nosso futuro.

Despedimo-nos, então… é o recolher de uma vida, o desenvolvimento do sentir e essencialmente do existir, dos sonhos concretizados ou não, lembranças de um momento de suma importância para a narradora.
Situa-nos entre realidades bem distintas, expressas com força, paixão e angústia, fazendo-nos participar no nascimento do sentimento de cidadania plena e activa, na descoberta dos sentimentos mais intensos e pessoais de Lara e na angústia da perda. Perda de uma ilusão ou de várias simultaneamente, sem pudor, sem medo de se revelar, de se desnudar perante o leitor, figura silenciosa que acompanha esta viagem da memória.

Fátima Fernandes



… É um livro que fala de um amor que nasceu com a revolução dos cravos de Abril!
Um Amor simples, sem preconceitos, um amor total e livre, que deixou marcas profundas em Lara e António Eduardo…
É ainda este romance um relato vivo, histórico e documental dos momentos de Abril que marcaram profundamente as vidas das personagens nele retratadas.
Como Lara vieram para Lisboa estudar jovens corajosas à procura de uma vida melhor que só a frequência no ensino superior na capital lhes poderá dar!
Hoje os tempos são outros, diferentes e só através da leitura deste livro é possível perceber as portas que Abril abriu!
Este é um livro que fala de uma juventude que vivi e partilhei com a autora, um tempo que, tal como Pablo Neruda dizia, “confesso que vivi” e, sobretudo como Hannah Arendt refere:
“Por muito que as coisas do mundo nos afectem, por muito profundamente que nos abalem e nos estimulem, só se tornam humanas para nós, quando podemos discuti-las com os nossos semelhantes”.

Maria Paulina Santos

DESPEDIMO-NOS, ENTÃO...

INTRÓITO


Em memória do 25 de Abril…
Em memória da Revolução dos Cravos…
Em memória de um grande amor…
Tal como a outra Lara, também tive um “ Dr. Jivago” na minha Vida.
Talvez não tão belo, alto, forte, amante, como o actor que fez o papel principal do filme.
Porém, de igual forma moreno, cabelo negro aos caracóis, olhos brilhantes, luminosos, de um azeviche intenso e com um sorriso encantador e inexcedível.
Por ele me apaixonei tão furiosa e prolongadamente, que esse amor percorreu toda a minha existência…
Um dia, inesquecível da minha memória… despede-se de mim de lenço branco na sua mão direita, dizendo-me Adeus para sempre…
Desde então, olho o horizonte, na esperança da sua chegada, negando-me a aceitar que um amor tão grande não possa ser eterno…

LARA
Agosto de 2003



Mas paixão, amor sincero, puro e simples, sem tabus nem preconceitos, só existe um, que jamais esquecemos, o nosso primeiro amor.
Mas também existe um outro igual, aquele a quem nos entregamos, a quem nos damos a vida inteira, o que esteve connosco nos momentos tristes e alegres da vida: o da mulher, companheira, que nos suporta as agruras, os desgostos, os sofrimentos e desilusões quotidianas.
Reconheço isso. Agradeço isso.
Agradeço a Deus por ter encontrado uma companheira assim: que me critica quando devo ser criticado e me ama quando necessito de amor.
Agradeço a Deus por te ter conhecido na minha juventude e pelo amor que te dei e me devolveste.
Não me arrependi um só único minuto da minha vida…
Nunca me arrependerei…
Perdoa-me, se não fui para ti o que desejavas que eu fosse.
Mas acredito que Deus, traçou o melhor caminho para mim e para ti.
Eu estou bem assim.
Quero continuar assim.
Compreende-me…
A vida mudou. Tudo mudou. Nós mudámos.
Sem rancores, ódios ou vinganças, mas com saudade e amizade profunda, desejando-te as maiores felicidades para a tua vida, volvidas estas três décadas,
Despedimos, então…

ANTÓNIO EDUARDO
Maio de 2005

Despedimo-nos, então...

APRESENTAÇÕES PÚBLICAS


PRIMEIRA APRESENTAÇÃO: Fundação “Os Nossos Livros” – Bragança
Dia 4 de Setembro de 2009






SEGUNDA APRESENTAÇÃO: Livraria Almedina – Shopping Center de Vila Nova de Gaia – Porto
Dia 5 de Dezembro de 2009




TERCEIRA APRESENTAÇÃO: Livraria Rosa D`Ouro – Bragança
Dia 11 de Dezembro de 2009







QUARTA APRESENTAÇÃO: FNAC – Rua de Santa Catarina – Porto
Dia 9 de Março de 2010






QUINTA APRESENTAÇÃO: Centro de Ciência Viva – Casa da Seda – Bragança
Dia 23 de Abril de 2010 – Dia Mundial do Livro